A inclusão no Mercado de Trabalho para pessoas diagnosticadas no espectro autista
Por Débora Arakaki, sócia do escritório Mascaro Nascimento Advogados.
Segundo o National Institute of Neurological Disordes and Stroke (NIH, 2019), o autismo, ou Transtorno do Espectro Autista (TEA), é uma deficiência de larga interpretação, sem cura, geralmente diagnosticada na infância.
Os impactos podem ser nas habilidades sociais, na comunicação, nos relacionamentos e na autorregulação do indivíduo e fato é que de uns anos pra cá, o diagnóstico tem sido cada vez mais comum e ainda há muito que se estudar sobre o tema.
Características do Espectro Autista
Os autistas classificados como de nível 1, de alto funcionamento ou portadores da síndrome de Asperger, podem também apresentar as seguintes características, as quais variam de indivíduo para indivíduo: alta concentração, fixação por alguns temas, não se incomodam com rotinas ou constância, possuem boa memória e habilidades visuais, e em alguns casos, algumas habilidades podem ser avaliadas como acima do padrão de normalidade.
Há também a presenças de comportamentos estereotipados e repetitivos, ritualísticos e de interesse restritos, características essenciais para que ocorram o diagnóstico e estão presentes nos indivíduos com esse transtorno e apesar de todos os diagnosticados exibem esses sintomas, o quadro clínico apresenta níveis de severidade muito distintos. O que leva a indivíduos com o mesmo diagnóstico terem manifestações clínicas diferentes e daí vem o termo “espectro”.
A presença do Autismo no mercado de trabalho
Sabe-se que o Autismo ainda é uma tema pouco explorado no Brasil e em muitos outros países, como também é pouquíssimo explorado o mercado de trabalho para estas pessoas.
Já temos um marco histórico para alguns países, incluindo o Brasil, sobre o mercado de trabalho para pessoas do espectro autista, publicada pela ONU (Organização das Nações Unidas) com aderência por diversos países, a Convenção de Direitos das Pessoas com Deficiência, a qual, reconhece direitos e aprimoramento de políticas associadas à inclusão de autistas ao mercado de trabalho.
No anos de 2018, a Organização das Nações Unidas fez uma estimativa que cerca de 1 bilhão de pessoas, ou seja, 15 % da população mundial convive com algum tipo de deficiência, por isso, não é recente a temática da inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho e ainda existem poucos investimentos públicos para o desenvolvimento humano aplicado a estes profissionais, a plena inclusão ao ambiente de trabalho, a readequação constante e devida promoção de carreira, a equidade salarial e o mesmo nível dos colegas que não possuem uma aparente limitação.
Contudo, já ganham forças nas organizações reflexões quanto a possíveis discursos mais inflamados a fim de que o mercado possa abrir portas para a inclusão de pessoas, e desta forma, buscar inovação, incrementar seus quadros funcionais com pessoas que colaborem com percepções de ambientes plurais, alavancando a diversidade e a inclusão.
Políticas de inclusão
E mais, o tema inclusão está em expansão nas grandes corporações que têm dedicado políticas internas visando a supressão das discriminações e condições igualitárias de trabalho, tendo tais iniciativas já apresentados algum resultado, ainda não em velocidade pouco desejada/esperada!
Os grandes investidores mundiais vêm exigindo que as empresas implementem políticas de inclusão, até como condicionantes para entradas de novos negócios e percebe-se um engajamento de algumas empresas sobre o tema diversidade e a representatividade na força laboral vem sendo fator positivo para competitividade a longo prazo.
Diversidade
A diversidade não deve ser entendida como uma escolha e sim como uma necessidade que tem e deve ser prioridade no processo de gestão e tomada de decisão de toda as organizações, pequenas, médias e grandes; pois profissionais unidos a criatividades e diversidades de ideias e pensamentos, geram inovação, e fazem com que as corporações cresçam em exposição positiva da marca, gerando em última análise a uma captação de novos investidores.
Certo é que cada empresa tem diferente nível de maturidade na gestão da diversidade, mas a reflexão do tema e a reprodução de pequenas ações é muito importante dentro de uma linha do tempo inicial de engajamento do tema Diversidade, tornando-se modelo de atuação para outras ações inclusivas.
O desafio é assegurar que as o mundo empresarial, que já possui pautas constantes, continue a se aperfeiçoar e colocar em práticas as ações inclusivas, mormente a de Diversidade de pessoas diagnosticadas no espectro autista; e as empresa não atuantes, que comecem o despertar sobre o tema, como um despertar de consciência e até para estratégia de seus negócios.