O aumento dos transtornos psicológicos e mentais pós-pandemia

aumento dos transtornos psicologicos e mentais pos pandemia

Por Débora Arakaki, sócia do escritório Mascaro Nascimento Advogados.

A inclusão dos transtornos de personalidade na definição de transtorno mental é uma questão igualmente complexa. Os transtornos de personalidade são considerados uma parte do espectro dos transtornos mentais em um nível clínico, conforme mostra sua inclusão em sistemas classificatórios clínicos psiquiátricos.

O que define o transtorno mental

As questões dizem respeito, sobretudo, ao grau em que os transtornos de personalidade são suscetíveis de tratamento e as empresas têm se preocupado cada vez mais com a qualidade de vida de seus colaboradores.

Entretanto, observa-se que a legislação de muitos países dá margem à custódia protetora para pessoas com graves transtornos que não são sensíveis aos tratamentos disponíveis, embora muitos possam argumentar que esse não deve ser o propósito da legislação de saúde mental.

Outra questão passível de debate é se a dependência de substâncias deve ou não ser incluída como um transtorno mental. Enquanto a dependência de substâncias também estiver incluída na maioria dos sistemas classificatórios internacionais de saúde mental, muitos países excluem especificamente esse transtorno da legislação de saúde mental.

Já a doença mental seria o termo que designa coletivamente todos os transtornos mentais diagnosticáveis. Esses, conforme o mesmo órgão, referem-se às condições de doenças caracterizadas por alterações no pensamento, humor ou comportamento (ou alguma combinação desses fatores) associados com sofrimento e/ou uma disfunção.

A Organização Mundial da Saúde, desde a sua criação, incluiu bem-estar mental na definição de um conceito amplo de saúde. A OMS define a saúde como: “(…) um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”. Esse conceito é amplamente difundido e aceito como corrente principal dentro da OMS e aparece como conceito central em todos os seus relatórios produzidos sobre saúde mental a partir de 2001.

Três ideias principais para a melhora da saúde seguem essa definição e valem ser destacadas para os propósitos deste trabalho: 

1. a saúde mental é parte integrante da saúde;

2. é mais do que a ausência de doença mental;

3. está intimamente ligada à saúde física e ao comportamento dos indivíduos.

Acima de tudo, e primordialmente a loucura permanece um fenômeno misterioso e difícil de se compreender, embora isso não seja o que a ideologia dominante nas ciências da saúde mental tenha influenciado a maioria de nós a acreditar. Não coincidentemente, a indústria farmacêutica continua a se desenvolver e a gerar lucros.

O impacto da pandemia

A principal preocupação do mundo corporativo principalmente nesta fase aparentemente ‘pós-pandêmica’ é a saúde psíquica dos colaboradores e como enfrentar todas as possíveis alterações/acomodações que ainda estão por vir nos ambientes laborais.

No primeiro ano da pandemia de COVID-19, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25%, de acordo com um estudo científico divulgado em 2 de março de 2022 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O resumo também destaca quem foi mais afetado e mostra o efeito da pandemia na disponibilidade de serviços de saúde mental e como isso mudou durante a emergência de saúde pública.

O relatório da Mental health and work: impact, issues and good practices, outro veículo também fundamenta suas conceitualizações teóricas e proposições práticas, sobre a noção de respeito pelos seres humanos, definido por meio do princípio de se tratar os indivíduos como um fim em si mesmo, buscando uma condição de bem-estar mental dentro da concepção da Organização sobre o termo. Contudo, sob alguns aspectos essa proposição imperativa entra em contradição com os princípios da gestão organizacional.

A ideologia de trabalhar de forma generalista com seus colaboradores canalizando o capital mental de forma única pode trazer graves prejuízos; é responsabilidade da organização lidar com as consequências desse modo de funcionamento.

Independente do grau de resiliência de cada indivíduo, os processos de mobilização psíquica têm consequências sobre a saúde mental e as estratégias utilizadas pelas empresas.

A ideologia gerencialista tem como objetivo canalizar o capital mental dos indivíduos a fim de transformá-lo em força de trabalho.

É responsabilidade das organizações lidar com as consequências desse modo de funcionamento. Independente do grau de resiliência de cada trabalhador a empresa tem a responsabilidade de dar ferramentas e programas para fomentar o bem estar psíquico, físico, mental e até espiritual de cada colaborador, pois é seu maior bem, seu maior tesouro, pois não existe como padronizar o que não é padronizável, tratar com massa, o que é individual; o trabalho é difícil, mas não impossível!

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